Reconduzido à PGR por Lula, Gonet encontrará resistência bolsonarista no Senado

Bolsonaristas se articulam para barrar permanência do procurador-geral no cargo

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, deverá enfrentar um cenário bem diferente no Senado em sua tentativa de recondução ao cargo. Segundo Igor Gadelha, do Metrópoles, parlamentares ligados a Jair Bolsonaro (PL) se organizam para dificultar a aprovação, motivados principalmente pela postura de Gonet diante dos processos relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Em 2023, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o indicou pela primeira vez para substituir Augusto Aras, Gonet teve apoio significativo, inclusive da oposição. Na ocasião, a aprovação no plenário foi expressiva: 65 votos favoráveis contra apenas 11 contrários. Agora, a resistência surge como um sinal de mudança no clima político, especialmente entre senadores bolsonaristas que antes ressaltavam o perfil conservador do chefe do Ministério Público Federal.

Críticas da oposição

Entre os mais contundentes críticos está o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ). Ele declarou: “Não será apoiado. Diminuiu o MP em sua gestão, incentiva perseguições políticas, penas exorbitantes, não se posiciona contra a censura e o estado judiciário de exceção que se instalou no país". Portinho, que em 2023 havia se referido a Gonet como um nome “gabaritado” e de trajetória respeitável, agora encabeça a ofensiva contra sua permanência no cargo.

Outra voz de oposição é a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra do governo Bolsonaro. Ela, que também elogiara o procurador-geral na primeira indicação, expressou decepção com sua atuação recente: “Nossa tristeza com ele não é só por causa do Bolsonaro, é pela manifestação dele por condenação em processos de pessoas inocentes do 8 de Janeiro. Eu gostava muito dele. Na verdade, ainda gosto, não concordo com algumas decisões, mas gosto".

Recondução antecipada

Embora o mandato de Paulo Gonet se estendesse até dezembro de 2025, o presidente Lula decidiu antecipar o processo e o reconduziu nesta semana. A medida ainda precisa ser analisada e votada pelo Senado, onde o procurador enfrentará um ambiente de maior hostilidade do que em sua primeira sabatina.

A atuação de Gonet nos processos ligados ao 8 de Janeiro é apontada como o principal motivo do desgaste entre os aliados de Bolsonaro, que prometem se mobilizar para tentar barrar sua recondução.